Com suas névoas e garoas
selaram minha melancolia
antes de eu nascer.
Os paralepípedos úmidos
das noites invernais de Buenos Aires
guiaram minha infancia
na malemolencia de um tango sem perdão.
Como não ser poeta?
Não é à toa que renasci em São Paulo
flanando na sua garoa tão antiga.
Fui atrás de ti meu amor
porque teu sorriso falava de tristeza
e nosso encontro se fez inevitável.
Não me peçam para salvar almas da saudade,
elas se amam no aconchego do evocado.
Como não ser poeta?