sábado, 14 de maio de 2011

Vidas Paralelas

As vidas paralelas não se tocam
mesmo no infinito
são firmes, retas, incorruptas,
mas não deixem saber uma da outra
que de tão certas
ficarão tortas
e de tão claras virarão feras
até acabarem tolas.



As Brumas de São Paulo

As brumas de São Paulo
tecem uma rede de névoas
e eu,
amarrado na cruz de Santiago,
vejo tímidos e difusos brilhos além dela.
Condenado ao sacrifício
não consigo desatar os nós da minha cruz ladra,
à esquerda de Deus homem.



Decidi o mergulho...

Decidí o mergulho
me apostei no precipício
e a vertigem foi inevitável.
Ah! que tontura,
que medo,
algo me empurrando,
algo me detendo,
mas um braço mais forte
me soltou no vazio
e até agora estou caindo.
Cairei para sempre
porque finalmente descobri
que em realidade é um vôo
e eu feito cometa de papel
me entrego ao infinito.



Ecos dos Brilhos

Ecos dos brilhos,
dos olhos, dos jogos,
dos mesmos meninos,
dos lances, dos sonhos,
das luzes, dos ninhos,
dos cantos, dos outros,
dos nossos antigos
e tantos tão loucos
amores perdidos,
afetos saudosos...

Cadê meus queridos,
onde foram todos?

Como amar o tempo,
se ele vai embora
e apenas reflexos
turvos na memória
me acudem sem nexo
para reencontrar
o amigo perdido,
o amor escondido
que eu não soube amar.

Agora no aqui,
aqui no agora,
só é cantando
que posso esperar,
talvez pela vida,
talvez pela morte,
não sei qual talvez.
Talvez nem talvez.

Se sinto saudades
de não ter amado,
só resta é mesmo
partir ao contrário
e sair amando
até não agüentar.

Porque isto é a vida:
amar, ser amado,
viver sem cansaço
a arte sem par,
de dar sem pedir
e pedir sem dar.

Oh! Minha vida!
Como foi difícil
descobrir o ar,
respirar bem fundo
e poder suspirar
a saudade e o pranto,
o encontro, afinal.

Final de um começo,
processo sem fim,
descoberta aberta
de como ir e ir
sem chegar ao nunca.

Só viver, bailar,
em fim....